Ricardinho SuperStar 2007/08, é o título de um artigo no blog encarnados.blogspot.com, onde tem algumas passagens do livro de Ricardinho “Magia nos pés”, assim como, um excelente vídeo dos melhores momentos do “Mágico” até ao momento.

Transcrevemos aqui as passagens e colocamos o vídeo online, pois é simplesmente excelente, deixamos também um agradecimento ao Pedro Neto, autor do referido blog, pelos fantásticos vídeos que tem realizado sobre o nosso Futsal.

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“ (…) São anos que recordo com muita saudade, esses que passei em Fânzeres. Sempre fomos uma família muito humilde, de posses limitadas, a nossa casa era pobre mas éramos muito felizes naquele bairro onde eu cresci. Infelizmente foi uma fase da minha infância que vi terminar de forma abrupta e violenta, uma vez que tivemos que abandonar a nossa casa na sequência de um grande incêndio. A casa onde vivíamos era muito antiga, já tinha pertencido à mãe da minha mãe, mas tinha um valor sentimental muito grande para nós, era muito mais do que uma casa, era um verdadeiro lar.

Por isso, quando uma fábrica de tintas que funcionava mesmo ali ao lado se ofereceu para a comprar, a minha mãe recusou, independentemente de até ser um bom negócio. Aparentemente, eles não terão ficado muito contentes com a resposta da minha mãe e decidiram avançar para medidas mais radicais – pegaram fogo às suas próprias instalações e, consequentemente, à nossa casa.

Eu só tinha 10 anos, mas nunca me vou esquecer da minha família toda a fugir das chamas… Depois disso, tivemos mesmo que sair dali para fora e ir para outra casa ainda mais humilde, também em Fânzeres, mas numa zona completamente diferente. Hoje, se formos ao local onde estava a minha antiga casa, está um prédio com um enorme armazém de tintas por baixo, tudo feito às custas do dinheiro do seguro, claro. Mas enfim, é este o país que temos… (…)”

“ (…) Na nossa apresentação nos juniores do Miramar, voltei a ouvir as mesmas bocas de sempre, quando o presidente, olhando para o meu tamanho, perguntou à Carolina [A treinadora] se eu não deveria ir para os juvenis. Ainda ela estava a responder e a dizer que o meu lugar era ali, e já eu estava a dizer ao presidente que, se fosse para ir para os juvenis, ia-me imediatamente embora. Ainda hoje me lembro da resposta dele: 'está bem, está bem… Vou deixar-te ficar aí com os teus amigos, para não chorares'. (…)”

“ (…) Comecei a ter treinos à noite, o André Lima passava perto da minha casa a apanhar-me e dava-me sempre boleia para o pavilhão. Eu abria a porta e dizia: 'Senhor André Lima, posso?' E só quando ele me autorizava a entrar, é que eu entrava. Sentava-me e ia caladinho até ao treino. Era mesmo envergonhado, no meio de grandes jogadores… Carregava o saco do André, entrava no balneário e deixava que toda a gente se sentasse, para ver onde sobrava um espacinho para mim. E tratava todos os jogadores por ‘senhor’. (…)”

in Ricardinho, Magia nos Pés

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