Página 1 de 5 LUÍS MOREIRA, DIRECTOR-GERAL DO BENFICA, MOSTRA AMBIÇÃO NA HORA DE REFORÇAR O PLANTEL. O director-geral do Benfica, Luís Moreira, abriu o livro e em entrevista a O NORTE DESPORTIVO passa em revista alguns dos temas mais quentes da realidade benfiquista, mas, também, do futsal nacional. O dirigente «encarnado» assume que os dois internacionais brasileiros apresentados nas últimas semanas podem ser decisivos na corrida ao título, mas garante que o principal reforço é a recuperação de Ricardinho e Pedro Costa.
José Túlio josé.tú
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Na primeira grande entrevista da época, o director-geral do Benfica, Luís Moreira, não assume que as «águias» são os principais candidatos ao título, mas reconhece que a boa integração de Leandrinho e Micky pode ser decisiva. O dirigente confessa que o esforço financeiro para garantir os «internacionais» brasileiros só foi possível graças ao empenho do vice-presidente das modalidades, Fernando Tavares, e garante que o Benfica vai transformar-se nos próximos anos numa referência do futsal mundial. Por outro lado, Luís Moreira acusa os dirigentes de serem os responsáveis pela inércia da modalidade e sem papas na língua defende que Orlando Duarte deve responsabilizar-se pelos resultados da Selecção Nacional, considerando que os últimos foram um fracasso. As contratações dos internacionais brasileiros Leandrinho e Micky fazem do Benfica o principal candidato ao título? O plantel do Benfica fica substancialmente mais forte e equilibrado com estas duas contratações, mas está em condições de igualdade com as equipas que atingirem o «playoff». O Sporting e a Fundação também se reforçaram, enquanto o Freixieiro, o Olivais e o Pombal são equipas que trabalham sem sobressaltos desde o início da temporada, e, por isso, são fortes candidatos. Sempre tive confiança no plantel que iniciou a época e estas duas contratações visam, acima de tudo, dotar o grupo de trabalho com mais soluções para suprir eventuais lesões ou castigos, porque nunca tive dúvida de que éramos um forte candidato ao título, porque, desde a pré-época, noto que existe um grande espírito de grupo e união e isso é um dos principais factores para uma equipa poder atingir os seus objectivos. No entanto, os dois jogadores brasileiros, pelo estatuto com que chegam, são reforços de inegável categoria e com peso no orçamento. O Benfica não fica quase obrigado a ser Campeão Nacional? O discurso da secção de futsal do Benfica foi o mesmo desde o início da época e não vai mudar agora porque conseguimos contratar dois internacionais brasileiros. Quem está no Benfica sabe que lhe é exigido a luta pela conquista do título e os novos jogadores chegam com o objectivo de melhorar o grupo de trabalho, porque contratar por contratar não faz sentido nenhum. O Leandrinho e o Micky são jogadores que dispensam apresentações e se tiverem uma boa integração e conseguirem fazer a diferença, então o Benfica tem boas possibilidades de ser Campeão Nacional, porque, desde o início da época, somos a equipa com mais determinação e a praticar melhor futsal. À saída de alguns dos principais jogadores da época passada – Arnaldo, Lukaian ou Chico – juntou-se, durante a primeira volta, as lesões de Pedro Costa e Ricardinho. Esperava chegar nesta fase da época na liderança do Campeonato Nacional? A época do Benfica está a decorrer dentro do planeado entre a Direcção e a equipa técnica. Houve alguns contratempos, com as lesões do Costinha e do Ricardinho, mas tivemos sempre a noção de que o plantel era capaz de representar condignamente o Benfica. Os jogadores estão de parabéns porque, mesmo diminuídos em relação aos principais adversários, conseguiram atingir esta fase da reabertura do mercado em primeiro lugar. O reforço do grupo de trabalho estava previsto, não por falta de qualidade, mas porque é curto e a época é longa e desgastante. De qualquer forma, os regressos do Ricardinho e do Pedro Costa são os grandes reforços do Benfica para a parte final da temporada. A contratações destes dois jogadores pressupõe um esforço financeiro muito grande. O Benfica não deu um passo maior que a perna? Na política definida pela Direcção e a equipa técnica ficou estabelecido que só seriam contratados jogadores para acrescentar qualidade ao grupo de trabalho. Não fizemos nada sem estar devidamente pensado e salvaguardado e estas contratações são o reflexo de uma batalha ganha pela secção de futsal do Benfica dentro do próprio clube. Se não fosse a intervenção e o apoio do vice-presidente para as modalidades amadoras do Benfica, Fernando Tavares, nunca teríamos hipótese de reforçar a equipa, por isso, o futsal está a ganhar terreno no seio do clube, e, se continuarmos este trabalho, dentro de um curto espaço de tempo seremos um clube de referência no Mundo. A integração do futsal no Benfica é uma questão que estava prevista acontecer no início desta temporada mas parece não ter sido concretizada… A actual Direcção do Benfica herdou um passivo gigantesco e muitos problemas financeiros, que tornam mais difícil a gestão das modalidades amadoras. A entrada da secção no clube foi adiada porque sofremos um pouco por já ter meios próprios para andar e a Direcção do clube entendeu que tinha de dar a mão a algumas modalidades que, para se tornar competitivas, precisavam mais do seu apoio. Então, a posição da direcção do clube não teve nada a haver com a época negativa de 2003/2004 e a algumas incompatibilidades com o Luís Moreira? A época negativa do Benfica deixou todos um pouco desmoralizados, mas não se pode esquecer que vencemos uma Supertaça e chegámos à final da UEFA CUP que estou em crer mais nenhum clube português sem ser o Benfica vai voltar a conseguir. No entanto, basta ao Benfica perder um título para considerar que a época foi negativa, porque neste clube temos que ter um único pensamento e responsabilidade: ganhar. Não houve nenhuma incompatibilidade substancial entre a secção de futsal e a Direcção do Benfica e o adiamento da integração do futsal no clube foi apenas por motivos que se prendem com a canalização do dinheiro disponível para modalidades que precisavam mais do que o futsal. O reforço do plantel no mês de Janeiro vai ser uma política a ser seguida no futuro ou esta época é uma excepção? O Benfica tem um orçamento para gerir e tem que o fazer muito bem porque não temos o hábito de falhar com os compromissos. Os jogadores brasileiros de qualidade são caros e temos que defender sempre da melhor forma o Benfica, por isso estamos a estudar parcerias com equipas brasileiras para tentar um intercâmbio que permita a jogadores que nos interessam representar o Benfica na segunda fase da temporada portuguesa e jogar no Brasil durante a Liga Futsal, ao mesmo tempo que se divide o vencimento pelos dois clubes. O Adil Amarante foi a primeira escolha para substituir o Alípio Matos ou esperou por uma resposta do Zego? São coisas distintas. Acredito que o Zego ainda vai ingressar no Benfica para a formação porque é um sector que pretendemos incrementar de forma a retirar maiores dividendos e evitar que o futsal possa morrer. Os clubes estão a enveredar pelo caminho de contratar jogadores brasileiros de duvidosa qualidade e os nossos jovens não conseguem entrar no campeonato, por isso pretendo fazer do Benfica a locomotiva para inverter esta situação e espero poder contar com o contributo do Zego. E o Adil Amarante? O treinador do projecto do futsal do Benfica é o Alípio Matos que apenas não é o nosso técnico porque a sua vida profissional não lhe permite. É o único treinador português que ganhou todas as competições nacionais e chegou a uma final internacional, mas, apesar disso, não se importa de estar no banco com a equipa de juniores ou juvenis o que demonstra o elevado nível de cultura desportiva que possuiu e que não tem paralelo na maior parte dos treinadores portugueses, por isso não há em Portugal nenhum treinador como o Alípio Matos. O Adil Amarante é um namoro antigo que, por razões orçamentais, ainda não tinha sido possível de concretizar, mas agora que está cá tem demonstrado que é um profissional fantástico e conhecedor da modalidade e acredito que vai estar no Benfica durante muito tempo.
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