O FutsalPortugal continua a dar voz aos agentes do futsal. Para tal e depois de os treinadore fazerem a antevisões dos jogos (5ªs Feiras), fazerem o comentários aos jogos (Sábados) e os jogadores serem entrevistados às 2ªs na "Figura da jornada", as 4ªs feiras passam a ser dia de "Grande entrevista".

Abrimos com a primeira entrevista de Náná após o seu regresso ao Benfica e naturalmente aproveitamos esta introução para agradecer a disponibilidade de Náná.

Como se estás a sentir neste regresso ao Benfica?
Estou a sentir-me orgulho das pessoas do Benfica se terem lembrado de mim, agora na vertente de treinador, reconhecendo o que tenho feito ao longo destes últimos 6 anos. O facto de terem achado que eu seria útil é para mim muito gratificante. O convite que me foi endereçado visa também a organização da secção e isso deu-me uma maior motivação para o aceitar. A minha vida profissional não me permite estar presente em todos os treinos e a motivação inerente às funções organizativas foi fundamental, pois é algo mais do que ser apenas treinador de guarda-redes do Benfica.

Esse foi o principal aspecto ou o coração Benfiquista também teve peso determinante?
A conjuntura actual da minha vida pessoal e profissional permitiu que eu aceitasse este convite. Já tinha sido convidado noutras ocasiões em que a conjuntura da minha vida não o permitia. Agora o facto de eu ser Benfiquista, o facto de ter estado ligado ao início do arranque do futsal do Benfica e o facto de achar que posso ser útil, são tudo factores que me levaram a dizer que sim. Tive alguma pena de deixar o projecto do Vila Verde a meio, mas as pessoas entenderam que era de facto um convite irrecusável e estou muito empenhado neste novo desafio.

Como têm sido estas primeiras semanas de trabalho. É um grupo que conhece bem, como estão os jogadores a reagir?
A equipa tem já uma longevidade grande. Este grupo já é antigo, eu joguei com metade deles, conheço os outros todos e o grupo já tem uma forma de estar definida há alguns anos a esta parte. Tentarei ajudar a melhorar todo o bom espírito que já existe. O grupo recebeu-me bem, são meus amigos, sou amigo deles e além disso quero ajudar a fazer deles melhores profissionais.

Como é trabalhar com o André Lima?
Ainda estou a tentar ganhar o meu espaço. A coordenação de todo o trabalho que é feito nos seniores do Benfica está a adaptar-se a novas realidades e eu próprio também. O facto de o Benfica treinar duas vezes, praticamente todos os dias, dá origem que a intensidade do treino seja diferente e por isso ainda me estou a adaptar.

A nível da secção são muitas as diferenças em relação aos teus tempos de jogador?
Sim, sem dúvida, essa foi a maior diferença que encontrei neste meu regresso. A secção está muito bem organizada, estou convencido que precisa de afinar algumas regras, mas o futsal do Benfica de hoje em nada está relacionado com o do passado. As coisas estão muito bem definidas e tem tudo para ser um sucesso.

O Benfica é o bi-campeão nacional, acha que este ano o Benfica pode voltar a ser campeão?
Temos tudo para sermos campeões. Apesar de apenas termos tido um reforço este ano, que já era da casa, as outras equipas também não mudaram muito. Como tal se fomos campeões o ano passado e não houve nenhuma equipa a reforçar-se fortemente, então obviamente o Benfica é o principal candidato a todos os títulos desta época em termos nacionais.

A UEFA CUP está ai à porta o que é que o Benfica pode fazer jogando em casa?
Se conseguirmos mobilizar público para termos a casa cheia em todos os jogos será uma grande vantagem. Sobre os adversários, chegou-nos a semana passada vídeos do Interviú e só agora vou começar a analisar esses vídeos. Sabemos que é um gigante futsal europeu, tenho seguido com mais interesse o campeonato espanhol e vamos ver onde poderemos ser mais fortes. Temos argumentos para discutir a passagem à final-four de igual para igual com eles.

Mas esse é um objectivo do clube?
O facto de jogarmos em casa, obriga-nos a ter essa ambição e o facto de sermos o Benfica também. Mas nós pessoas do futsal sabemos que a equipa do Interviú é um clube que está completamente virado para o futsal, que está no topo da modalidade há muitos anos mas tem de provar dentro de campo que é melhor que nós.

de ser treinador principal agora, mas vê-se algum dia a exercer essas funções no Benfica?
Se me perguntarem se tenho capacidades para o ser a resposta é sim. Por outro lado não me vejo nessas funções, sou um elemento da equipa técnica do Benfica, ajudando o André Lima a ter sucesso.

Quais as melhores recordações que leva destes anos que passou primeiro no Setúbal e depois no Vila Verde?
Ao contrário do que as pessoas possam estar à espera, o melhor que trago do Vila Verde não foi ter subido de divisão. Foi o ter ajudado 20 jovens com idades entre os 18 e os 22 anos, alguns deles a saírem da delinquência, a saírem da vida de não fazerem nada e passarem a ser mais um elemento activo da sociedade. Quando cheguei ao Vila Verde muitos jogadores não faziam nada na vida, ganhavam 100 € por mês do futsal e quase todos passaram a trabalhar e a serem úteis na sociedade civil portuguesa.
Aos clubes não profissionais, não se exige só vitórias, mas também que façam com que os miúdos não pensem só no imediato. Se os clubes querem que as câmaras municipais e as juntas de freguesias os apoiem, então eles também têm de contribuir para melhorar a sua região. Aquilo que mais me agrada ter feito no Vila Verde, foi ter começado com 12 jogadores desempregados e acabar com apenas 1.Em termos desportivos claro que recordo com orgulho a subida de divisão com o Setúbal e com o Vila Verde.

O seu sucessor é o Miguel Monteiro que foi seu jogador e começou a época como adjunto, o que lhe deseja?
Desejao tudo aquilo que desejo para mim, mas prevejo que ele vai ser um grande treinador. Ele tem muita qualidade, muito interesse, é extremamente dedicado e organizado. Por isso para além de desejar estou convencido que vai ter muito sucesso.

Fonte: futsalportugal.tv
 

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